quinta-feira, 25 de junho de 2009

Voto de confiança

Deu tudo certo. João Vítor passou na prova da primeira leitura na escola. Desceu do medo, enfrentou a platéia de amiguinhos e leu no microfone um texto de mais ou menos quatro linhas. Presumo que, para ele, o problema maior não foi o texto de quatro linhas, mas o microfone e a platéia.

Não quis desmotivá-lo, mas no começo achei o texto meio escorregadio para uma criança de 6 anos. Não é fácil para alguém estrear no palco da leitura com palavras do tipo fitoplâncton, alga microscópica, transformam... Mas ele conseguiu, e a professora ainda ligou elogiando a performance. Leu com desenvoltura.

João Vítor voltou pra casa feliz da vida. Foi bom não ter pressionado. A insegurança do primeiro dia foi vencida pelo incentivo e treinamento. Um voto de confiança que valeu a pena.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

O pequeno leitor


Meu filho teria hoje o primeiro teste de leitura na escola. Tremeu na base. Fez um drama e tanto. Chorou com receio da prova oral. Forjou uma dorzinha de cabeça para ficar em casa. Mas não colou. João Vítor tem 6 anos. Teme embaralhar as letras, confundir as palavras e dar vexame na frente dos amigos de sala. Comoveu pai e mãe. Não vale a pena insistir. Fica para amanhã. Ele tem a vida inteira para ler desarmado, sem pressão. Leitura é paixão.

Não é fácil pra ninguém. Meninas naturalmente lêem mais cedo. João Vítor já sabe ler, mas esboça uma preguiça amnésica todas as vezes que é posto à prova em casa. É mais tolerante aos desafios de jogos eletrônicos. As armadilhas do PSP – o venerado play station portátil – ele conhece de cor. Nesse quesito ele não desencoraja.

Leitura é hábito, noutras vezes puro deleite. Vício. O melhor exemplo de leitura para João Vítor está em casa. A manhã mal começa e os pais disputam páginas de jornal no sofá da sala, diariamente. O café sempre fica para depois das notícias do dia. Maria Clara, de 9 anos, é leitora voraz de tudo. Vive à sombra das maravilhas de Alice, a nossa secretária. Lê por prazer. E vai tomando o gostinho de contadora de histórias.

João Vítor e Maria Clara se aprendem. Ambos gostam do cheiro dos livros e das revistas, da tinta que dá forma e sabor às folhas soltas. Um dia vão crescer e olhar pra trás. Por enquanto vêem o presente e sabem muito do amor em família.

A rede e o moinho


Nesta segunda-feira de junho abro parêntese para falar das coisas simples da vida, de banalidades da maior importância, das adoráveis tolices do cotidiano - sempre que houver tempo, claro! Rendo-me de vez ao blog. Aqui será o meu ponto de fuga. Para driblar a velocidade dos ponteiros. Sair de cena para cair na blogosfera. Correr atrás de um compromisso novo para me libertar de agendas renitentes.

Chego despretensioso para acender o paiol de conversas solitárias. Não desejo nada que não seja construir o plano de vôo quando já estiver acima das nuvens. Redemoinho é o texto desgovernado. O moinho da grande rede, a tarrafa no balé sobre as águas, o punho dobrado na rede da varanda.

Um blog para cometer disparates sem perder a fervura. Redemoinho é a escapatória da rotina, do tempo pequeno demais, da cerimônia demais. Do terno e da bravata. É qualquer tentativa de dialogar com alguém que não se conhece. Comigo mesmo talvez. Escrever sem critério e dar bandeira ao acaso. Não preciso mais que isso.


Redemoinho é a água correndo em círculo, na velocidade da brincadeira de palavras, no livre exercício do ludo real e na ciranda de frases perdidas e ingênuas. Viva a rede! Viva a falta de notícia! Escrever de vez em quando é soltar os bichos, deixar correr frouxa a idéia estapafúrdia. Esse é um jogo de dardos experimental para quebrar gelo.