quinta-feira, 15 de março de 2012

Fatos marcantes e emocionantes do final dos anos 80 – Eleições presidenciais!

Alessandro Lamar

Em 1989 – após uma longa campanha pró Lula, militância voluntária e muita cachaça com Marcelo Barros, Christian Noronha, César Choairy, Benedito Biné Souza e Dimas Salustiano na casa de Jorge, irmão de Dimas, sabe-se lá por que ou através de quem os alunos do curso de Ciências Sociais resolveram fazer uma confraternização no paradisíaco sítio de Gilles e Lourdinha Lacroix no Caúra, em Panaquatira: um lugar maravilhoso, no alto da falésia, na beira do mar, com coqueiros, um poço secular e uma casa confortável e de muito bom gosto. Ao chegar, nos encantamos logo de cara, era lindo, aconchegante. E nós estávamos merecendo algo assim porque na campanha a gente não parava um dia sequer: reunião, cachaça, passeata, cachaça, comício, cachaça, cachaça, cachaça (e muito cigarro, é óbvio!). Bom, sei que num piscar de olhos chegamos de veículo fretado e tudo, vários alunos, pessoas queridas até hoje, os anfitriões, familiares deles, equipe de apoio, tudo. Jogamos futebol, bebemos, comemos, rimos, nos divertimos pra caramba. Ao final da tarde, quando o tal do veículo fretado chegou pra ‘catar’ a galera toda, nós – eu, Marcelo, Cyntia, Eliane e Cristina – resolvemos ficar até o outro dia: porra, não tinha como sair daquele lugar, era lindo demais! E tinha um detalhe que fervilhou ainda mais nosso desejo de permanecer: a lua estava linda, o céu estrelado e a região não possuía energia elétrica, era tudo na luz do luar! Tomávamos cachaça mesmo (não tinha uma cervejinha gelada) e fumávamos um cigarro atrás do outro. NINGUÉM tinha uma maconhazinha... rsrsrsrsrs! Me lembro que na primeira noite sozinhos deitamos na grama da varanda, rodeada de coqueiros e brincamos de mímica e dica. Eu e Marcelo na fissura de fumar andamos cerca de 6km pra comprar um cigarro de marca impossível de recordar. Bom, foi muito legal e depois de 3 dias(!!!) resolvemos retornar à vida cotidiana. Eu tinha 19 anos, Marcelo devia ter uns 22 anos e as meninas nessa mesma faixa de Marcelo. Nossas famílias desesperadas (não havia celular naquela época), nosso amigos confusos e até Gilles e Lourdinha preocupados achando que alguma coisa havia acontecido. Andamos pra c. até a pista que leva à Panaquatira e tomamos café num barzinho próximo.
Após meses de campanha, em nossas cabeças as eleições estavam definidas com Collor e Brizola para o segundo turno, onde iríamos apoiar Brizola pelo fato de ser da esquerda e também por Christian, que apoiou Lula mas com o coração brizolista (como sempre foi!). Aí, conversa vai, conversa vem, perguntamos ao dono do bar como estavam as eleições, se Collor havia vencido ou se haveria segundo turno (pra vocês perceberem como nós estávamos num lugar tipo a ilha de Lost!) e o dono do bar nos respondeu: “vão disputar o segundo turno Collor e Lula”. Silêncio, olhares esbugalhados, arrepio, frio na barriga... CARALHOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO!!! LULA NO SEGUNDO TURNOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO!!! Nos abraçamos, comemoramos (ainda sem acreditar, vai ver esse cara tá bêbado ou não entendeu direito o que disseram no jornal nacional) e seguimos pra São Luís, pegamos um ônibus PANAQUATIRA que após horas chegou ao centro. Acredito que deveria ser algo em torno de 11h, 11h30. Quando descemos na Praça Deodoro – palco de tudo naquela época – e ouvimos ao longe a musiquinha de Lula: “Lula-lá, brilha uma estrela, Lula-lá cresce a esperança...”. Nessa hora passamos a acreditar! Até porque vínhamos no ônibus extasiados com o fato, falando, planejando, sonhando! Mas tinha um detalhe: onde estava acontecendo a passeata? Em qual rua? Da Deodoro ouvíamos os sons mas não conseguimos identificar de onde vinha. Corremos feitos dois loucos, eu e Marcelo, pela Rua do Passeio, quebramos pra Rua Grande e quando viramos uma das esquinas com a Rua da Paz, a galera estava toda lá, cantando, em pleno sol de uma manhã escaldante, e comemorando a passagem para o segundo turno. Há dias que nós comíamos mal, uma ressaca monstra e uma abacatada na barriga, mas saímos andando e cantando com a multidão, com sorriso na cara, felicidade estampada, alegria exalada!
Esse foi um dos dias mais emocionantes de minha vida universitária nos anos 80, outros viriam a acontecer, mas nada comparado! Lindo demais!

terça-feira, 13 de março de 2012

Maio oito meia (6) - Raça, sexo, pele e cor

Ainda havia um muro de Berlim a dividir ao meio as acaloradas discussões acadêmicas no início da segunda metade da década de 80. No movimento estudantil, a ordem era ser de esquerda, embora a esquerda fosse um bicho de sete cabeças, autofágico, e, na maioria das vezes, destrambelhado. Envolvente. Era uma política feita por jovens que desejavam um mundo melhor, apostavam todas as fichas em mudança no estado das coisas e acreditavam em revolução social. E a mudança, imaginavam, começaria pela universidade. Ali seria a experiência piloto. Se conseguissem derrubar o reitor, talvez chegassem à reforma agrária e, quem sabe, ao topo da felicidade.

Leia mais em maiooitomeia.com.br.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Toda Maria é ouro



“Maria do Brasil” é a nossa homenagem (minha e de Betto Pereira) às mulheres de qualquer parte, de todas as cores. Rosa, Bela, Cinderela, Anita, Tarsila, Ana, Elza, Poliana, Camile, Florbela, Clara, Tarsila, Adriana. Ou Maria, a tradução mais verdadeira e terna! Elas estão na bossa de Vinícius e Tom, na canção de Chico, no reggae de Donaldson, na balada dos Beatles, na alma da música. Toda Maria é ouro, não foge da luta e vive à flor do samba!