quinta-feira, 26 de junho de 2025

O sussurro dos livros


Há uma delicadeza quase clandestina nas livrarias de Paris. Percorrendo as prateleiras, o olhar do leitor não depara apenas com capas bem diagramadas, títulos sedutores ou lombadas que gritam silenciosamente sua existência. Há algo mais. Um bilhete. Um post-it colado à capa, rabiscado à mão, com letras ligeiras, quase apressadas, como quem quis registrar uma urgência: a urgência de compartilhar uma revelação. Um lembrete!

 

Esse pequeno pedaço de papel, em amarelo, azul, verde ou rosa, carrega mais que tinta: carrega cumplicidade. Ali, alguém, talvez um livreiro apaixonado pela boa literatura, decidiu sussurrar ao leitor que aquele livro merece ser visto, folheado, desejado. Não se trata de marketing, de algoritmos, de pop-ups ou de promoções impositivas do mundo digital. É algo anterior, artesanal, íntimo. Uma espécie de correspondência secreta entre quem leu e quem, talvez, venha a ler.

 

Curiosamente, os post-its não são novidade no universo da leitura. Eles já ocupam, há muito, um lugar cativo nas mesas, nos cadernos, nas escrivaninhas e nas páginas de leitores atentos. Servem, nesse contexto privado, como pequenas âncoras de memória. São usados para marcar um parágrafo que emocionou, uma ideia que provocou, uma frase que se deseja guardar, quem sabe para repetir numa conversa; ou para pensar mais tarde; ou ainda para não se perder no fluxo ligeiro da vida.

 

Pesquisadores, estudantes, escritores, leitores obsessivos: todos conhecem bem esse gesto. É quase um ritual. Grudar um post-it na página 49 porque ali há uma definição de amor que desmonta todos os tratados filosóficos. Outro na página 121, onde o personagem, ao abrir uma janela, descobre o mundo – e, de quebra, quem lê também. Cada papelzinho colorido é uma tentativa de fixar no tempo aquilo que, de outra forma, poderia escapar como areia entre os dedos.

 

Mas eis que agora os post-its, antes confinados ao espaço íntimo da leitura, saem dos bastidores. Saltam das páginas escondidas e ganham protagonismo nas vitrines, nas prateleiras de destaque, nas capas dos livros. Tornam-se públicos. Tornam-se convite. Tornam-se cartazes minúsculos de afeto literário.

 

De certo modo, é como se a livraria inteira se transformasse no caderno de anotações de alguém. E o leitor, ao circular por aquele espaço, passeia também pelas impressões, pelas paixões e pelas epifanias de quem, antes dele, já habitou aquelas mesmas páginas. Cada bilhete é uma fresta aberta. “Um romance de tirar o fôlego e muito bem narrado”, diz um. Outro mais direto: “Se você gosta de Simone de Beauvoir, prepare-se.” Há ainda os lacônicos, que me parecem os mais potentes: “Leitura urgente”; ou “Pare de olhar e me devore logo”. Presa à capa da edição francesa de Auguries of Innocence (Présages d’Innocence), da poeta e roqueira norte-americana Patti Smith, há a seguinte advertência: “Estes poemas ressoam como oráculos da modernidade.” São alguns exemplos que me chamaram a atenção nas prateleiras de livrarias como Compagnie e A. Pedone Editeur. Mas a onda já se espalhou para além do Quartier Latin.  


 

Penso no quanto esse gesto, simples, despretensioso, quase doméstico, devolve à experiência da leitura uma dimensão perdida na lógica impessoal das recomendações automatizadas. Ali não há robôs. Não há metadados. Há alguém. Uma pessoa real, com caligrafia real, com entusiasmo real, dizendo: “Olha, eu li. E acho que você deveria ler também.” 

 

No Brasil, essa prática ainda não é tão comum. Mas começa a dar sinais de vida. Na Livraria Leonardo Da Vinci, no Centro do Rio, por exemplo, os bilhetes também costumam florescer entre os livros, por enquanto como jogos de humor (trechos risíveis de músicas populares casados com títulos de livro) e sedução literária (leia texto abaixo). 

 

Quem sabe esse flerte entre o papelzinho e o leitor seja o caminho?! Uma forma de devolver à livraria (e à própria leitura) aquilo que ela tem de mais fabuloso: a arte do encontro. A livraria também é uma praça pública.

 

Em verdade, cada livro é um bilhete que alguém escreveu para o mundo. E, por isso mesmo, essa iniciativa soa como algo inusitado, alvissareiro. O post-it, agora colado na capa do livro, é a mão de quem já leu estendida para quem ainda não leu – e talvez nem saiba que precisa ler. Urgentemente. 

 

Leituras invisíveis

 

A vitrine da Livraria Leonardo Da Vinci, no Rio, abriga um segredo embrulhado em papel pardo. Nada de capas brilhantes, sinopses reveladoras ou nomes consagrados em letras douradas. Ali, em alguns períodos do ano, os livros repousam disfarçados, como quem joga um charme discreto num baile de máscaras. 

 

A proposta é simples e engenhosa: sugerir aos curiosos uma leitura sem que eles saibam o título, o autor ou a história. Os leitores são provocados apenas por pistas breves e inventivas, escritas à mão no embrulho, tipo papel de pão. “História do Brasil – Você é do creme ou é do crime?” ou “Não tenho tempo pra ler. Preciso postar, desculpe” são alguns dos exemplos. E o leitor, cúmplice, se lança nessa espécie de roleta russa literária.


 

É uma travessura contra o consumo apressado e visual que tem moldado nossas escolhas. Num tempo em que tudo é imagem, sinopse, marketing, o “Encontro às cegas Da Vinci” devolve ao livro o mistério perdido, o susto bom da descoberta. É como entrar num quarto escuro e confiar que ali dentro mora algo que vale a pena. O jogo de adivinhação transforma a compra num ritual de intuição: será um romance melancólico? Um conto distópico? Uma biografia disfarçada de ficção? A graça está justamente em não saber. Ao leitor, resta se deixar levar, como quem aceita um convite para dançar sem perguntar qual é a música.


 



Mais que um projeto de livraria, a ideia aproxima-se da velha arte de contar histórias ao pé do ouvido. Aquela magia da infância, quando alguém nos entregava um livro dizendo apenas: “Leva, acho que você vai gostar”. Há um gesto de confiança envolvido – na curadoria, no acaso, no próprio desejo de se surpreender. E é também um gesto de escuta: ao escolher um pacote com a inscrição “os estranhos ecos do passado”, o leitor talvez esteja, sem saber, reconhecendo a si mesmo.

 

É bonito ver uma livraria apostando no invisível. Num tempo em que se escolhe vinho pela etiqueta e livro pela capa, o “Encontro às cegas Da Vinci” lembra-nos que a literatura, afinal, é um encontro que se dá no escuro – quando alguém escreve sem saber quem vai ler, e alguém lê sem saber o que vai encontrar. No fundo, todo bom livro é assim: um salto no desconhecido, embalado por palavras que, como esses pacotes de papel pardo, escondem o essencial. Apenas à espera de quem ouse abrir.

segunda-feira, 9 de junho de 2025

Um minuto de fama na República Tcheca


 Entre alguns lugares por onde andei nestas férias – cada um com sua dose de estranheza e encanto – houve um episódio em particular que, embora não planejado, me arrancou boas risadas depois de digerido. Aconteceu em Praga, essa cidade que transpira cultura, e onde tudo parece ao mesmo tempo antigo e intenso. Um tabuleiro vivo de histórias, de turistas e residentes em disputa por espaço nas pequenas calçadas e nos templos artísticos.

 

Foi durante uma visita ao castelo que dizem ser o maior do mundo – e quem sou eu para duvidar de um castelo que começou a ser erguido no século IX e ainda insiste em não terminar – que me vi envolvido numa situação tão improvável quanto achar um banheiro público nas ruas de São Luís. 

 

Ali ao lado de Adriana, fazendo uma pausa estratégica no meio dos corredores infinitos do palácio, percebi que um casal nos ultrapassava em passos lentos, olhando fixamente para mim. Nada de hostilidade no gesto. Pelo contrário: sorridentes, curiosos, quase radiantes.

 

Acenei com discrição, um gesto de cordialidade universal, e segui conversando com Adriana sobre a riqueza de detalhes da catedral anexa ao castelo. Mas logo vi que os dois haviam parado poucos metros à frente, rindo entre si e voltando os olhos em minha direção com o entusiasmo de quem acabou de avistar uma celebridade. A moça cochichou ao companheiro algo que soou como “É ele mesmo, não é?”. O namorado, ou provavelmente marido, confirmou com a convicção de estar diante do ídolo. “Sim, certeza que é ele”. 

 

Foi aí que o rapaz se aproximou, risonho, e perguntou se poderia tirar uma foto comigo. Fui tomado de surpresa – o que, convenhamos, é sempre a melhor desculpa para qualquer omissão ética em viagens. Em seguida, a moça também quis uma foto. Os dois estavam eufóricos. A emoção era tamanha que, por um instante, me senti mesmo alguém digno de tietagem, em pleno Leste Europeu. Um jogador de futebol aposentado, mas ainda lacrando em programas de TV; um ator de seriado latino; um dançarino de mambo; um influenciador digital em decadência; um coach dos mistérios da sexualidade... Vai saber quem eu era àquela altura!

 

Não houve tempo para explicações. Fiquei em silêncio. Um silêncio consentidor. Conivente. Era visível que aquele encantamento era deles, não meu – e frustrá-los me pareceu uma crueldade gratuita. Preferi sustentar o mistério. Um crime sem vítima, pensei (que poderia ser tipificado como falsidade ideológica culposa? ou lesa-fama, por enganar admiradores incautos e usurpar o sacrossanto papel de um ídolo?). 

 

Claro que, passada a euforia e já com os dois sumindo pelos salões do castelo, bateu a ressaca moral. E se mostrassem a foto aos amigos? E se rissem deles? E se virassem motivo de piada no grupo da família? Comecei a imaginar o instante exato em que a verdade os atingiria: o Google Imagens confirmando que o “famoso” com quem posaram era só um turista brasileiro, com cara de quem se perdeu do grupo.

 

Pior ainda: e se, meia hora depois, eu os reencontrasse? Eles já sabendo da fraude, me olhando com a decepção de quem acabou de encontrar um autógrafo falso num guardanapo? Falando nisso – e se tivessem me pedido um autógrafo? Que nome eu assinaria? O meu? Ou um rabisco ilegível para manter a blague? E se perguntassem em qual novela eu mais gostei de atuar?

 

No fim das contas, essa crônica talvez sirva menos como confissão e mais como aviso. Se alguém conhecer um casal simpático de Punta Cana, República Dominicana, que anda mostrando por aí uma foto com um sujeito sorridente em Praga – esse cara sou eu. E peço desculpas. Não tive coragem de desmenti-los. Mas, por favor, ajudem-me a encontrar essas duas almas crédulas. Vai que ainda dá tempo de dizer a eles que sou só mais um entre tantos que caminham anônimos pelos corredores do mundo, mas que, por um instante, ganhou um papel principal numa história alheia.

 

E sejamos honestos: há personagens que a vida nos entrega que nem o mais caprichoso dos roteiristas saberia inventar.

 

quinta-feira, 5 de junho de 2025

A balzaquiana escarlate


 Tudo é efêmero às margens do Sena, como esse impactante registro captado pela lente iluminada do amigo Cidinho Marques. Não é uma foto pronta, uma capa de revista. É só o faro do flâneur, que da janela do táxi eterniza a elegância com que a dama de vermelho posa para o traço do artista. Um artista de rua, quem sabe!

 

Quem é ela? O que a espera no outro lado do rio? Um marido? Filhos? O casamento em desalinho? O desenho evolui lentamente. Ela ajusta o vestido. O vermelho salta pela calçada e vem dar nos meus olhos.

 

Ela talvez encarne ali a sensibilidade feminina que Balzac abordou com maestria em A mulher de trinta anos. Talvez. Assim como Julie, a protagonista de Balzac que transita entre as expectativas sociais e a busca por significado profundo, a mulher em vermelho carrega consigo não apenas a própria história, mas as narrativas compartilhadas de todas as mulheres que atravessaram séculos desafiando as amarras do destino. Com um leve ajuste no chapéu de aba larga, ela afirma sua presença, reconhecendo seu poder e seu papel no espaço que habita. Os transeuntes que a leiam, portanto.

 

O artista, ao observá-la, vai além do desenho ou da foto; ele busca capturar a essência de uma luta silenciosa. O olhar profundo da dama escarlate interrompe a banalidade do cotidiano, enquanto suas mãos acariciam a roupa, revelando a intenção por trás de cada gesto.

 

A tensão entre o que a sociedade espera e a realidade nua é um tema familiar nas obras de Balzac, e essa cena não é exceção. A mulher de vermelho não é um mero adorno na paisagem parisiense; ela desestabiliza a ordem, instigando novas referências entre o observador e o observado.

 

Os turistas refestelam-se, admirados. Os parisienses, mais habituados ao rio, ao rito, à beleza, embora desconectados à princípio, rapidamente se envolvem na mesma contemplação a que estou preso nos poucos segundos do engarrafamento. É como se, por um momento, a cidade suspendesse seu ritmo cosmopolita, frenético.

 

Tal como Julie, que ao completar trinta anos depara com a complexidade da maternidade, da solidão e de ambições não realizadas, a mulher de vermelho personifica os desafios e as nuances de sua própria narrativa.

 

Quando o vento do Sena acaricia os cabelos da dama da fotografia, a presença dela torna-se ainda mais extravagante: transforma o ambiente, dá vida ao cartaz vintage e às reproduções de obras de arte expostas nos cavaletes. De viés, também é capaz de revelar a crueza da vida de outras mulheres anônimas.

 

Mas a cada pincelada do artista, ela metamorfoseia de musa a símbolo de uma nova identidade feminina em ascensão no século XIX. Essa tendência, tão bem explorada por Balzac, indica que as mulheres desejam muito mais que um papel submisso em uma sociedade que as observa.

 

Antes de concluir a performance, a dama da beira do rio ajusta o chapéu mais uma vez, como se estivesse preparando-se para retornar à sua própria essência, à vida real. Com um último olhar direcionado ao retrato que se tornará eternamente uma parte dela, a dama se afasta.

 

O vestido escarlate, como uma chama, se dissipa na curva do cais, levando consigo a marca de um momento raro. O retrato, a essa hora talvez em suas mãos, permanece como um testemunho tangível de um encontro sublime entre vida e arte. Assim, as verdades da mulher de trinta anos, qual nossa Julie rouge, reverberam através do tempo, ecoando nas memórias eternas das águas do Sena.

quarta-feira, 4 de junho de 2025

As viagens, os muros e a democracia


Viajar é também perder países, como escreveu o poeta Fernando Pessoa. Mas é, sobretudo, descobrir personagens no meio da paisagem urbana. Encontrar pessoas, colecionar histórias, enxergar os muros.

 

Ontem, vagando pelas ruas de Viena, parei diante de um painel gigante com a inscrição em alemão “Demokratie muss jeden tag erneuert werden”. Não entendo uma linha de alemão, mas a frase tinha algo de direto, incontornável: falava de democracia. Em português, seria algo como “A democracia deve ser renovada todos os dias”.

 

Comecei a fotografar o painel, que trazia, além da frase, rostos desenhados de indígenas, mulheres, crianças e trabalhadores. A impressão era clara: aquilo era mais do que arte urbana. Era um lembrete. Um chamado para os passantes – como eu – sobre a importância de cuidar da democracia como se cuida de algo vivo. Um bem coletivo que exige presença, atenção e responsabilidade.

 

Ali, em frente ao painel, também estava um homem. Meia-idade, barba grisalha, jeans surrado, colete, máquina fotográfica em punho. Um olhar que vasculhava detalhes. Perguntei, pelo que aparentava, se era fotógrafo profissional. Sim, era. Sergio Montero, espanhol, fotógrafo e documentarista.

 

Conversamos brevemente. Contou que estava de passagem por Viena e seguiria no dia seguinte para Mauthausen.

 

Na pequena cidade austríaca, Montero vai documentar um ato político amanhã, dia 5, organizado por familiares de vítimas do Holocausto. Uma manifestação em memória dos que perderam a vida sob o regime nazista. Um gesto coletivo para manter acesa a lembrança e, com ela, a consciência dos riscos que rondam os esquecimentos da história.

 

Mauthausen foi um campo de concentração durante a Segunda Guerra. Muitos prisioneiros passaram por lá, entre eles um número expressivo de espanhóis. Após a Guerra Civil espanhola, muitos republicanos que resistiram ao franquismo se exilaram, mas acabaram capturados e enviados para campos nazistas. Mauthausen, conhecido pela brutalidade dos trabalhos forçados, foi um desses destinos.

 

Milhares de espanhóis morreram ali e nos subcampos ligados a Mauthausen. Parte dolorosa da história da Espanha e do Holocausto europeu. Segundo o fotógrafo, em datas como esta de amanhã, familiares, ativistas e instituições se reúnem para homenagear as vítimas e lembrar o que não pode ser esquecido. Um encontro que, além da memória, quer afirmar os fundamentos da democracia: tolerância, respeito, direitos humanos.

 

Lábios cerrados

 

Montero é autor de um documentário intitulado “Los labios apretados” ("Os lábios cerrados", em tradução livre), lançado em 2018. O impulso para o filme veio de uma descoberta íntima: já adulto, soube que seu avô havia sido um dos mineiros envolvidos na Revolução de 1934 nas Astúrias. Um dado que nunca fora mencionado em casa. O silêncio não era acaso, mas herança.

 

A Revolução de 1934 é um marco da resistência operária na Espanha pré-Guerra Civil, uma tentativa de barrar o avanço de um governo que se alinhava ao fascismo e culminaria no regime de Francisco Franco.

 

Montero cresceu nas Astúrias, cercado por esse silêncio espesso. Como em tantas famílias espanholas, o passado foi trancado por medo ou trauma. O próprio título do filme é uma metáfora desse apagamento.

 

A produção levou nove anos. Depoimentos colhidos no Uruguai, Argentina e na própria Astúria. Acesso a 22 arquivos em diferentes cidades. A história da Revolução de 1934 havia sido sepultada durante o franquismo. Falar sobre ela era tabu. A repressão foi tão eficaz que muitos descendentes de militantes sequer souberam da existência desses episódios familiares.

 

Sergio Montero, meu interlocutor fortuito numa tarde nublada em Viena, é personagem de uma história que faz cruzamentos entre episódios públicos e sua vida privada. Uma história de resistência à repressão. E pela causa das liberdades. Da democracia, esta palavra de origem grega – e, com o perdão do trocadilho, também gregária, por juntar pessoas em frente a painéis aleatórios – que atravessa o tempo para se reinventar a todo instante. Nos muros. Nas viagens. Nos corações e mentes.

 

Escrevo este texto já no trem, na esperança de encontrar outras praças, mais histórias, sem saber se a ida de Montero a Mauthausen renderá um novo documentário. Ele mesmo diz não ter certeza do que o aguarda amanhã.